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Brasil é o 8º país com mais suicídios no mundo

50% das pessoas que tiraram a própria vida tinham depressão


O isolamento é uma das características da depressão, podendo levar ao suicídio



Relatório liberado em 2018 pela OMS mostra que as taxas de suicídio têm aumentado no mundo todo. A cada quarenta segundos, alguém se mata. Os maiores índices estão na Europa e na Ásia, sendo a Índia a líder da lista dos países com mais suicídios. O Brasil fica em 8º, com um aumento de 10,4% na quantidade de suicídios; são 11.821 mortes, sendo 9.198 homens e 2.623 mulheres.


Apenas 28 países possuem estruturas adequadas para dar suporte a prevenção do suicídio. Falar sobre o assunto ainda é um tabu, o que dificulta a procura por um tratamento eficaz. A reportagem a seguir contextualiza as dificuldades e o que pode ser feito para ajudar pessoas que se encontram nesta situação.


Episódios de separação, luto, solidão, desemprego, doenças e dependência de drogas e álcool, podem resultar numa resposta negativa e conduzir ao suicídio. De acordo com a psicóloga cognitivo-comportamental Alana Peixoto de Almeida, o que se encontra nos suicidas é a associação de um alto grau de desesperança a uma grande incapacidade de resolver problemas.


Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), revelam que mais de 50% das pessoas que se suicidaram sofriam de depressão. O isolamento, a sensação de desintegração social e de não pertença, detêm um peso significativo na decisão suicida Além disso, o Ministério da Saúde mostra que 60% das pessoas depressivas manifestam algum pensamento suicida.


Antes de tudo, é preciso diferenciar tristeza de depressão, pois é comum as pessoas confundirem ambos os termos. Alana explica que a tristeza tem um fato específico, como uma perda, e sua cura é o tempo. A depressão é a perda do prazer em viver muitas vezes sem relação com um fato triste. A pessoa perde interesse no que gostava de fazer, por exemplo, e em aspectos básicos da vida, como dormir e comer.


Ademais, os índices revelam que as pessoas sozinhas, solteiras, divorciadas ou viúvas se suicidam mais. Pessoas com redes sociais, com família e amigos próximos, que estabelecem laços fortes têm mais probabilidade de receber ajuda no caso de estarem em crise.


A depressão é a perda do prazer em viver



HISTÓRIAS

Um caso que se encaixa na descrição é o de João Lima. Ele tirou a própria vida aos 49 anos, após ingerir veneno para rato. A família nunca soube o real motivo. Problemas financeiros e pessoais são as principais suspeitas. João tinha perdido o emprego recentemente e estava passando por um divórcio.


Outro episódio é o de Libny Samai, que tentou suicídio aos 21 anos. Ela se jogou entre os carros de uma movimentada avenida de Fortaleza (CE). O motorista conseguiu frear, poupando sua vida. A advogada conta que logo após o episódio, buscou a ajuda de amigos. Hoje, com 24 anos, Libny entende o valor que sua vida tem. “Sei que muita gente passa por isso em silêncio e as pessoas que conhecem, nem imaginam o que se passa. Daí, quando acontece o suicídio, todos ficam surpresos, achando que é repentino, mas na verdade está ali há tempos. Hoje sei que não é frescura, requer ajuda, tratamento, mas principalmente, pessoas dispostas a ouvir e ajudar”, conta Libny.


ESTATÍSTICAS

De acordo com o diretor e superintendente técnico da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) Antônio Geraldo da Silva, muitos casos de suicídio por atropelamento ficam fora das pesquisas, por serem considerados acidentes de trânsito.


TRATAMENTO

A Psicóloga Alana Peixoto conta como um profissional inicia o processo de recuperação de uma pessoa com depressão: “A partir do momento que o paciente revela o pensamento suicida, começa um trabalho estratégico para dar forças a ele. Geralmente traçamos planos através dos seus dados coletados por uma descoberta guiada, para que essa pessoa consiga identificar motivos que a faça mudar de ideia. O objetivo é transformar o humor do paciente através de atividades prazerosas com base no que ele gosta de fazer, em pessoas que o deixa feliz” diz a psicóloga.


DADOS

Conforme o último relatório da OMS, o Brasil é o 8º país com mais suicídios no mundo. De acordo com a agência os transtornos mentais e consumo nocivo de álcool contribuem para mais casos em todo o mundo e a identificação precoce e eficaz são fundamentais para conseguir que as pessoas recebam atenção que necessitam.


Na perspectiva da psicóloga, há um déficit muito grande na saúde pública brasileira que impede a prevenção do suicídio. Só em Alagoas, segundo informações do HGE (Hospital Geral do Estado), foram atendidas 290 tentativas de suicídio em 2017. Ao todo, o hospital atendeu 174 mulheres e 116 homens que tentaram tirar a própria vida.


O CVV (Centro de Valorização à Vida) realiza apoio emocional e prevenção de suicídio, atendendo através do número 188, voluntária e gratuitamente 24 horas por dia.


Reportagem escrita por Erika Basílio e Maysa Alves

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